O desenhar na psicanálise com crianças
- Patricia pacheco
- 9 de out. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de nov. de 2020
Passando por Hermine Von Hug-Hellmuth, Melanie Klein, Anna Freud, Sophie Morgenstern, D.W. Winnicott, por volta de 1938, a psicanalista e pediatra Françoise Dolto desenvolveu sua teoria tomando o desenho como uma forma de ter acesso ao inconsciente.
Para ela, o psicanalista necessita fazer o desenho falar, o que não significa tentar adivinhar o que o desenho parece dizer, mas é a criança que se conta por meio dele, e desse modo é preciso escutá-lo.
Para ela, muitas vezes o desvelamento do sentido de um primeiro desenho vem somente no a posterior. Tal como no trabalho com adultos, que o sentido só aparece retroativamente, posteriormente.
Em 1983, a psicanalista argentina Marisa Rodulfo afirma que o desenho ou um fragmento de sessão não desempenham uma função meramente ilustrativa. Para ela é preciso ter cuidado para que o desenho livre advenha sem interferências e solicitações do analista, o que romperia com a regra fundamental da associação livre proposta pela psicanálise. Rodulfo entende a produção gráfica como cadeia associativa trazida pela criança.
Nesse sentido, Annie Anzieu também toma o desenho infantil como o equivalente da associação livre para os adultos. Para ela, o desenho oferece abertura a um espaço psíquico, em busca de uma representação que, aos poucos, se deslocará da imagem para a palavra, o que possibilita o processo de elaboração.
Portanto, é possível dizer que o desenho, no trabalho de análise, oferece pistas do inaudito, das fantasias, dos rastros fantasmáticos que circundam este ato, e que tanto o jogar, quanto o desenhar e o escrever são meios pelos quais o sujeito do inconsciente realiza um trabalho de elaboração. O desenho infantil é uma expressão incontornável da dimensão subjetiva das crianças.

Imagem Theartidote



Comentários