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Angústia em cena

  • Foto do escritor: Patricia pacheco
    Patricia pacheco
  • 21 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 24 de nov. de 2020

Lacan (1962-63/2005), no Seminário 10, diz que a história tem um caráter de encenação e o palco é a dimensão da história. Ele fala que "tudo o que temos chamado de mundo ao longo da história deixa resíduos superpostos, que se acumulam sem se preocupar minimamente com as contradições". E, no momento em que se abrem as cortinas, em que os destroços de mundo empilhados aparecem, em que advém “o que no mundo não se pode dizer”, ponto limite e demarcatório da cena, é que surge a angústia.

A angústia é um lugar delimitado no corte do significante, no ato analítico, e que pede uma operação do sujeito, como uma resposta em ato. No que o ato ocorre e decorre do corte do significante, a pressa surge engendrada pela angústia, na experiência radical de seu despertar, de retirada do véu, no desvelamento da fantasia. Obviamente, há na angústia uma pressa – nela ninguém quer ficar. A angústia é o momento em que o advento do inédito, do estranho, se faz óbvio e que pode se apresentar em forma de ato. É nesse momento que o sujeito se percebe num fora de lugar, num encontro não enganoso.

Na lição de 19 de dezembro de 1962, Lacan (1962-63/2005) articula a relação da angústia com o fenômeno do estranho. O descortinar da cena é da ordem de uma emergência súbita e inesperada. Esse momento do descortinar é tempo de espera e preparação ao que está por vir. E a angústia surge diante do unheimilich, do não familiar, e, por isso, mais familiar, nas frestas da cena. É um momento crucial em que o sujeito escolhe sair da angústia, atravessá-la. E atravessar a angústia implica que o sujeito faça ato, ato que rompe com as reticências do neurótico, com o prolongamento do tempo de compreender e passe para o momento de concluir.

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Imagem Theartidote

 
 
 

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