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O despertar, o ato analítico e a obra de arte

  • Foto do escritor: Patricia pacheco
    Patricia pacheco
  • 3 de dez. de 2020
  • 2 min de leitura

Coutinho Jorge, no seu livro Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan, vol. 2: A clínica da fantasia, afirma que toda obra de arte parece ter um compromisso com a função do despertar: "elas representam para o espectador a suspensão do sentido dado e, muitos casos, requerem dele o esquecimento momentâneo de si, o que constitui grande parte de seu atrativo". O despertar remete o sujeito a um tempo tão remoto como aquele em que ele não tinha um nome, não havia sido inserido numa língua materna, não se diferenciava por nenhum traço particular.

Do mesmo modo, a experiência analítica visa ao despertar. Despertar do sono no qual o sujeito se achava mergulhado e que dava algum sentido à sua vida, sentido que, possivelmente, lhe provocava sofrimento, já que foi em busca de uma análise. A psicanálise possibilita que o sujeito reinvente sua história e lhe dê novos sentidos. Há, assim, uma homologia estrutural entre a análise e a criação: ambas almejam a produção de um sentido novo para além dos sentidos já dados.

Lacan, no Seminário 10, diz que a história tem um caráter de encenação e o palco é a dimensão da história. E que, no momento em que se abrem as cortinas, os destroços de mundo empilhados aparecem, e advém “o que no mundo não se pode dizer”, ponto limite e demarcatório da cena e, neste momento de desvelamento, a angústia é a protagonista da cena.

Assim, porque articuladas com as fantasias de cada um, as obras literárias implicam o sujeito e sua angustia e permitem que esse momento de despertar ocorra, assemelhando-se ao ato analítico e às repercussões que ele promove em nossa vida psíquica.

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