ADOÇÃO E PRECONCEITO
- Patricia pacheco
- 9 de out. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de nov. de 2020
E se ele tiver uma genética "má" se se tornar um psicopata ou um marginal?
Cruel!

Tornar-se pai e mãe pela via da adoção tem as suas particularidades.
Na espera pela chegada de uma criança por adoção, os pretendentes apresentam uma tensão carregada de expectativas, preocupações e esperanças.
A idealização da criança neste processo pode dificultar ou até mesmo impedir que o vínculo afetivo ocorra. Os pais adotivos, ao se depararem com conflitos ou dificuldades inerentes a qualquer relação humana, desmontam a fantasia narcísica de salvamento da criança, gerando ódio, frustração e nova rejeição.
É no contato com a criança que a parentalidade adotiva começa a ter contornos mais concretos e é neste momento que a criança que foi imaginada, idealizada no período de espera passa a ter um rosto, uma identidade e os pais adotivos começam a ser confrontados com a premissa de que a criança imaginada não corresponde à criança real, tal como ocorre no nascimento de um filho biológico.
Um sentimento de estranheza pode surgir, e, com ele, o assustador a partir do desconhecido, e neste momento as origens da criança começam a ser questionadas e o filho passa de idealizado para ser percebido como uma ameaça próxima.
Muitos pais adotivos se sentem ameaçados quando se deparam com a singularidade e o passado da criança. Invariavelmente, por mais nova que seja a criança, ela chegará na família adotiva carregando uma história, a qual os pretendentes não fizeram parte. Normalmente angústias são suscitadas no confronto com essa condição.
Angústias e fantasias também são geradas e criadas a partir de associações feitas com a exterioridade da hereditariedade genética da criança, o que acarreta o medo de uma transmissão genética patológica ou “má”.
Constantemente no atendimento de famílias que adotaram, problemas ou dificuldades com a criança são tidos como decorrentes da origem delas.
Travessuras, desobediências, agressividades, comportamentos que são percebidos em todos os filhos, independentemente de serem por adoção ou biológicos, são tomados como originários da família biológica.
Situação cruel para a criança, que é tomada como tendo uma má índole, ou como um psicopata, ou como um possível marginal.
O preconceito ainda é muito presente na adoção, principalmente quando as crianças adotadas são mais velhas.
É importante considerar que são crianças que passaram por situações muitas vezes inimagináveis, e que precisam de cuidado, amor e proteção.



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